Quando o céu chorava ela chovia também. Suas águas se perdiam no meio de toda aquela imensidão. Aproveitava os relâmpagos para gritar. A intensidade deles de pronto atenuava seu pranto, em chuvas noturnas que eram seus temporais de catarse. As temperas dela saltitavam como se dançassem na chuva, sem cantar. Ela se cobria com a capa da infância, já em lã desgastada de sapeca negrim. E protegida, cobria com seus cabelos a pedra que escorava sua cabeça. De olhos gelados ela passava a noite em escuro, enquanto o céu se limpava e o sorriso febril raiava em seu rosto.