Era uma vez uma Sá Menina que não sabia nada de Propaganda e pouco da vida, mas queria danadamente aprender. Ela tinha a vaga noção acadêmica que seu terceiro ano de faculdade lhe ensinara. Era pouco. Um dia seu professor de criação falou pra ela do dono de uma agência que procurava alguém pra chamar de Tatá. Ela foi, com sua pasta audaciosa e tímida. Era o dia de seu aniversário e talvez por isso os Céus tenham dado a ela um dos maiores presente da sua vida: seria a estagiária de redação do Roberto Lima.
Nos primeiros dias, ela olhava o tempo todo pro relógio no canto do computador. Depois contava os dias como quem diz “sobrevivi”. Tinha um medo enorme de ser mandada embora. Aquele negócio de ter idéia o tempo era mais difícil do que ela imaginava. Mas o Mestre Bob era tão generoso com tudo o que sabia que logo os ponteiros do relógio e as folhinhas do calendário foram ficando invisíveis. E a Sá Menina, que também passou a ser chamada de Tatá, viu que queria ser igual a seu Mestre. Era sempre brilhante, bem-humorado, inteligente, sarcástico, engraçado, família.
E assim a vida dela ganhou Unidade, seus textos ganharam corpo e ela nunca mais confundiu “mexa” com “mecha”, depois que o Mestre Bob bradou que iria rasgar sua carteirinha de redatora se ela escrevesse errado de novo, ‘mecha com CH era a de cabelo’. E ele também ensinou pra ela a diferença do ‘a gente’ separado e do ‘agente’ tudo junto. E era tudo muito junto, aprendizado, trabalho, diversão.
O Mestre Bob tinha um dupla e tanto, que ele chamava de Tio Edson, que por sua vez o chamava de Véi e a ela, de Sá Menina e Tatá. Uma vez o Tio Edson disse pra Sá Menina que se eles dessem um tema qualquer pro Véi, ele perguntaria se era pra falar bem ou mal. E logo ela viu que ele era capaz de falar sobre tudo.
Na sala de baixo tinha a Lidi, a Cintia e a Lia, a adorável “mulherada histérica”, já a Sá Menina o Mestre Bob reclamava que falava pouco: “ela é terrível, o teclado dela faz tanto barulho que me desconcentra”, mas é que ela gostava mesmo era de ouvi-los. Eles falavam muito e ela ria muito com eles. Quando falavam besteira pediam pra ela tapar os ouvidos, era só uma Sá Menina. Pra falar a verdade, ela não tapava direito não, era muito curiosa.
Quando ela colocou aparelho nos dentes e chegou toda sem graça o Mestre Bob foi logo dizendo: “amanhã você vem com a botinha ortopédica? Resolveu consertar os dentes aos 20 anos?!!” E aí ela riu e mostrou o aparelho todo. No dia em que ela pintou o cabelo e a tinta não deu certo o Mestre não teve dúvida: “tá da cor de merda de menino, porque você fez isso?”. E ela ficava sem graça, mas não sem rir.
E das coisas que ela ouviu até pensou em fazer um Dicionário Robertês e separou algumas expressões inventadas por ele:
“Diga-se de passagem” = Carro de som
“Sem brenfas nem chorubrifas” = Sem frescura
“Coloca a bundinha pra funcionar” = Pense, pense
“Borbofante” = “A delicadeza de uma borboleta no corpo de um elefante”
“Tempo real” = “Spot de 30 segundos criado em 30 segundos”
“Enterro de anão” = Aquilo que ninguém nunca vê
“Aprochegue-se” = Venha ver o jeito que dei no seu texto
Nos primeiros dias, ela olhava o tempo todo pro relógio no canto do computador. Depois contava os dias como quem diz “sobrevivi”. Tinha um medo enorme de ser mandada embora. Aquele negócio de ter idéia o tempo era mais difícil do que ela imaginava. Mas o Mestre Bob era tão generoso com tudo o que sabia que logo os ponteiros do relógio e as folhinhas do calendário foram ficando invisíveis. E a Sá Menina, que também passou a ser chamada de Tatá, viu que queria ser igual a seu Mestre. Era sempre brilhante, bem-humorado, inteligente, sarcástico, engraçado, família.
E assim a vida dela ganhou Unidade, seus textos ganharam corpo e ela nunca mais confundiu “mexa” com “mecha”, depois que o Mestre Bob bradou que iria rasgar sua carteirinha de redatora se ela escrevesse errado de novo, ‘mecha com CH era a de cabelo’. E ele também ensinou pra ela a diferença do ‘a gente’ separado e do ‘agente’ tudo junto. E era tudo muito junto, aprendizado, trabalho, diversão.
O Mestre Bob tinha um dupla e tanto, que ele chamava de Tio Edson, que por sua vez o chamava de Véi e a ela, de Sá Menina e Tatá. Uma vez o Tio Edson disse pra Sá Menina que se eles dessem um tema qualquer pro Véi, ele perguntaria se era pra falar bem ou mal. E logo ela viu que ele era capaz de falar sobre tudo.
Na sala de baixo tinha a Lidi, a Cintia e a Lia, a adorável “mulherada histérica”, já a Sá Menina o Mestre Bob reclamava que falava pouco: “ela é terrível, o teclado dela faz tanto barulho que me desconcentra”, mas é que ela gostava mesmo era de ouvi-los. Eles falavam muito e ela ria muito com eles. Quando falavam besteira pediam pra ela tapar os ouvidos, era só uma Sá Menina. Pra falar a verdade, ela não tapava direito não, era muito curiosa.
Quando ela colocou aparelho nos dentes e chegou toda sem graça o Mestre Bob foi logo dizendo: “amanhã você vem com a botinha ortopédica? Resolveu consertar os dentes aos 20 anos?!!” E aí ela riu e mostrou o aparelho todo. No dia em que ela pintou o cabelo e a tinta não deu certo o Mestre não teve dúvida: “tá da cor de merda de menino, porque você fez isso?”. E ela ficava sem graça, mas não sem rir.
E das coisas que ela ouviu até pensou em fazer um Dicionário Robertês e separou algumas expressões inventadas por ele:
“Diga-se de passagem” = Carro de som
“Sem brenfas nem chorubrifas” = Sem frescura
“Coloca a bundinha pra funcionar” = Pense, pense
“Borbofante” = “A delicadeza de uma borboleta no corpo de um elefante”
“Tempo real” = “Spot de 30 segundos criado em 30 segundos”
“Enterro de anão” = Aquilo que ninguém nunca vê
“Aprochegue-se” = Venha ver o jeito que dei no seu texto
"Tatá" = estagiária
"Sá Menina" = Essa menina aí, ela.
E ela também ouviu muitos conselhos: “Estagiária, vá cuidar do Vem-ki-tem. As pessoas param de anunciar, mas não param de comer”. Mas ela queria mesmo era ser publicitária como ele.
E mesmo depois de todos terem perdido a Unidade ela continuava ligada ao Mestre, mesmo de longe. Quando a Sá Menina passou a ser chamada de Sussy, ela continuava pedindo conselhos ao sábio Mestre Bob, que sempre a atendia com os ouvidos e o coração aberto e a palavra certa: “nunca entre em leilão, Sá Menina”. E feliz ela percebia que a sabedoria do seu Mestre ecoava ao que ela já se dizia. E aí ela tinha certeza.
Certezas de que o Mestre Bob é único e autêntico. Uma vez ele brincou que deveria cobrar hoyalties de todos os muitos profissionais que tinha colocado no mercado. Ela aproveitou para agradecer e dizer que o nome dele era uma espécie de ISO no currículo dela, ao que ele respondeu sem pestanejar: “claro!”, confirmando o que ele várias vezes repetiu: “modéstia é para os fracos”.
A Sá Menina era tão menina que quando o seu contrato de escola com o Mestre estava vencendo, ela ganhou um concurso em outro lugar só de medo de não ser contratada por ele. Aí o Mestre achou que ela não se importava e queria ir embora, só que ela se importava muito mas naquela época ainda era uma Sá Menina insegura e com medo de falar. A Tatá chorou de tristeza pela possibilidade de um pensamento de ingratidão ter passado pela cabeça do Mestre Bob. Mas hoje ela já pediu desculpas por sua atitude ambígua. Ela aprendeu com ele que em propaganda e na vida ambigüidade só é boa se é intencional.
Quando a Tatá pediu ao Mestre Bob alguns de seus livros emprestado, ele lhe disse que o maior tesouro de um redator são seus livros e que era para ela os devolver! Sempre bem-humorado, quando ela foi visitá-lo um tempo depois a primeira coisa que ele disse foi: “aí está ela, a legítima menina que roubava livros”. Não havia cobrança, apenas piada e carinho.
A Sá Menina nunca devolveu os livros, talvez porque quisesse poder consultá-los quando seu primeiro e grande mestre já não estivesse aqui para dar conselhos.
Ela guarda os livros com carinho, assim como a pedra que ficava na mesa de trabalho do Mestre Bob e que ele deu a ela quando deixaram de trabalhar juntos. Hoje a pedra está na mesa da Sá Menina, assim como tudo o que ela aprendeu com ele.
Com muito amor, saudade e gratidão.
Tatá, Sá Menina, Sussy.
"Sá Menina" = Essa menina aí, ela.
E ela também ouviu muitos conselhos: “Estagiária, vá cuidar do Vem-ki-tem. As pessoas param de anunciar, mas não param de comer”. Mas ela queria mesmo era ser publicitária como ele.
E mesmo depois de todos terem perdido a Unidade ela continuava ligada ao Mestre, mesmo de longe. Quando a Sá Menina passou a ser chamada de Sussy, ela continuava pedindo conselhos ao sábio Mestre Bob, que sempre a atendia com os ouvidos e o coração aberto e a palavra certa: “nunca entre em leilão, Sá Menina”. E feliz ela percebia que a sabedoria do seu Mestre ecoava ao que ela já se dizia. E aí ela tinha certeza.
Certezas de que o Mestre Bob é único e autêntico. Uma vez ele brincou que deveria cobrar hoyalties de todos os muitos profissionais que tinha colocado no mercado. Ela aproveitou para agradecer e dizer que o nome dele era uma espécie de ISO no currículo dela, ao que ele respondeu sem pestanejar: “claro!”, confirmando o que ele várias vezes repetiu: “modéstia é para os fracos”.
A Sá Menina era tão menina que quando o seu contrato de escola com o Mestre estava vencendo, ela ganhou um concurso em outro lugar só de medo de não ser contratada por ele. Aí o Mestre achou que ela não se importava e queria ir embora, só que ela se importava muito mas naquela época ainda era uma Sá Menina insegura e com medo de falar. A Tatá chorou de tristeza pela possibilidade de um pensamento de ingratidão ter passado pela cabeça do Mestre Bob. Mas hoje ela já pediu desculpas por sua atitude ambígua. Ela aprendeu com ele que em propaganda e na vida ambigüidade só é boa se é intencional.
Quando a Tatá pediu ao Mestre Bob alguns de seus livros emprestado, ele lhe disse que o maior tesouro de um redator são seus livros e que era para ela os devolver! Sempre bem-humorado, quando ela foi visitá-lo um tempo depois a primeira coisa que ele disse foi: “aí está ela, a legítima menina que roubava livros”. Não havia cobrança, apenas piada e carinho.
A Sá Menina nunca devolveu os livros, talvez porque quisesse poder consultá-los quando seu primeiro e grande mestre já não estivesse aqui para dar conselhos.
Ela guarda os livros com carinho, assim como a pedra que ficava na mesa de trabalho do Mestre Bob e que ele deu a ela quando deixaram de trabalhar juntos. Hoje a pedra está na mesa da Sá Menina, assim como tudo o que ela aprendeu com ele.
Com muito amor, saudade e gratidão.
Tatá, Sá Menina, Sussy.