sábado, maio 09, 2009

Pétalas

Apesar do frio das 21h, ele sai de casa como todos os dias. Já está acostumado, quase sempre faz frio. Talvez por isso ele sempre use a camisa gasta de manga longa vermelha. Uma máquina polaróide se acomoda no relevo de sua barriga. Foram alguns chopps nos últimos 72 anos. As flores recém colhidas e cuidadosamente embrulhadas por ela estão na cesta. Todas as noites, ela as colhe com o primeiro toque do orvalho e as embrulha uma a uma. Como se fosse devolvê-las pra roseira. Como se fossem pra ela. Ele sai. Passa pelas mesas apaixonadas do caminho. Oferece o romantismo do seu tempo e o registro do tempo. Agradecem. Não levam. As moças são as primeiras a dizer não. Ele não compreende. Torna a oferecer. Torna a ouvir não. E com a camisa menos vermelha que as rosas, ele volta murcho pra ela. Ela sorri e o beija. Sabia que ele não ia deixá-la sem flores.

Partitura

Quando ele toca o violão, as notas do peito dela vibram.
Sua alma dança até seus olhos suarem.

sexta-feira, maio 08, 2009

Glicemia

Lábios brancos, taquicardia, olhos fundos.
Saudade é a anemia da alma.