quinta-feira, março 05, 2009

Quando a Terra se apaixonou pelo Ar.

Foi num dia de fúria. O Ar foi puxado para aquele lugar e por instinto tirou a Terra para dançar. O céu ficou vermelho quando rodopiaram e dançaram juntos pela primeira vez. Ela se viu como num espelho. Era um arrepio, um terremoto no seu chão. O Ar sentiu puxarem seus pés e deixou de correr para girar. Foi no redemoinho que a Terra se apaixonou pelo Ar.

Tudo aconteceu numa velocidade muito grande. E já era hora de partir. A Terra fez-se pedra, milhares de pedrinhas pra ir junto e sair dali. Ir com o Ar pra outros cantos, esquecer raízes e frutos. O Ar fez-se pesado pra esperar, mas o Vento era implacável. Ambos sabiam que ela era dali, era do chão e que ele era do céu, não era seu. E sem mais paciência, o Vento virou Vendaval e levou o Ar dali, pra longe, não se sabe onde. Folhas e flores caíram, eram pétalas de saudade que ficavam no caminho.

segunda-feira, março 02, 2009

Lenço

Tudo era motivo pra não chorar.
Pra segurar a lágrima, se prender.
Aí seus olhos durões se encontraram.
E não foi no espelho.
A lágrima que não sabia chorar pronunciou sua primeira falta de fôlego.
E ficou ali, pronta pra escorrer.
Tinha um ombro pra dar as boas-vindas.