domingo, dezembro 12, 2010

Se essa rua fosse minha.

- Acho que já está chegando a hora.
- Como sabe?
- Olha ali... Acabaram de parar na esquina. Consegue ler a placa?
- Cinco e noventa e nove... Uvas. Acho que é isso...
- Droga. Era o que eu imaginava. O "espírito do natal chegou".
- Você não gosta?
- Odeio as malditas luzes que colocam na gente nessa época.
- Ah... eu adoro! Por mim ficaria com elas o ano todo.
- Deus me livre. Eu não consigo dormir com aquele acende e apaga.
- É pisca-pisca.
- Exatamente, não consigo pregar o olho. Se não bastasse todo o movimento durante o dia e ainda os malucos que passam gritando a noite...
- Não seja mal humorada. Você fica tão mais bonita enfeitada.
- Queria mesmo era ter nascido viela. Daquelas sem saída.

E o vento levei.


Era uma árvore com raízes profundas.
Se sabia assim, forte.
Mas bastou uma tempestade para que viesse ao chão.
Foi suicídio, disseram.
Ela preferiu ruir por um golpe do vento que por uma serra elétrica.