Você tentou me matar de novo.
Vejo suas mãos sujas de lágrimas e seus olhos perdidos.
Sei que pensa em fugir, mas não vai conseguir ser um foragido de si mesmo.
Não se preocupe. Você não está sendo julgado, nem o será.
Provavelmente porque o Meritíssimo também seja um saudacida como você.
(Depois ainda perguntam por que estou sempre cercada de bombas-relógio - tum-tum, tum-tum, tum-tum - não é fácil ser perseguida o tempo todo).
E mesmo assim, eu sempre volto. Chego desse tamanhozinho e você me alimenta até não conseguir mais me carregar. E aí... ai ai.
Sei que você pensa que eu vou te matar e age em legítima defesa, mas não entendo de onde você tirou isso.
Preciso do meu complemento, do meu ‘de’.
Eu sim sou intransitiva.
E antes que você olhe de novo para aquele saco preto vou repetir: eu não morro, entro em coma.
É melhor se acostumar comigo de uma vez por todas.
Você nunca vai conseguir me matar.
Eternamente de você, Saudade.
3 comentários:
Sempre suspeitei que você matava a Saudade. Quando comecei a investigar, lhe ofereci um chocolate para reconstituir a cena do crime na hora em que ele acontecia.
Saudacidas têm sempre um eco perdido.
E quanto mais tentam arrancar a saudade mais abrem o caminho pra ela ir mais fundo.
Por outro lado, ela é uma resposta: sentido ao que antes foi vivido, a tal da experiência compartilhada de vida.
Saudacidas sabem, a saudade nunca foi nem deixará de ser.
Ela desafia o tempo e simplesmete é.
Faz parte.
Faz parte de.
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