Chegou mascando chicletes.
Odiava mascar chicletes, mas odiava bem mais escovar os dentes.
Jogou-se no sofá. O "se" refere-se a sua cabeça, que pendeu sem pestanajar.
O teto estava tão branco que ela teve vontade de cuspir só pra sujá-lo, mas lembrou que o cuspe para o alto é dos mais vingativos.
Ali ficou, a espera de que algo acontecesse, mesmo que fossem os passos do vizinho no andar de cima.
O telefone celular continuava na sua mão, tão mudo e tão imbecível.
Preguiçosamente tirou o sapato com a habilidade incomparável dos seus dedos dos pés.
Tinha chulé, morria de preguiça de secar o entrededos, mas gostava mesmo era de pedir um remédio para frieiras na farmácia, por pura diversão. Assim como o mata piolhos que comprava sempre que estava entendiada.
Não, ela não era louca. Achava-se absolutamente normal. Desesperadamente normal.
A única coisa realmente estranha era seu sonho secreto: o de soltar a flatulência mais alta de todo o universo!
Morria de rir ao imaginar todas as pessoas do mundo tapando o nariz ao mesmo tempo e olhando para quem estivesse ao lado com cara de não fui eu.
Ela sinceramente ria disso.
Súbito, foi em direção a janela. Ok, ela sentou-se de novo no sofá. Eu apenas gostaria muito de usar "súbito" no texto. Acho uma palavra tão altiva, tão sexy. Mas não acho que ela deva se matar. Então, súbito ela resolveu ligar a TV no polishop. Comprou desesperadamente 5 churrasqueiras elétricas.
Sentiu um prazer tão grande naquilo que fez seu miojo e foi dormir. No outro dia tinha que avisar para o porteiro que ia se mudar. Seu grandíssimo prazer era fazer encomendas que fossem devolvidas ao remetente. Ficava do outro lado da rua olhando e morrendo de rir.
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