domingo, abril 27, 2008

O de sempre, ou não.

- Você vem sempre aqui.
- Como?
- Você vem sempre aqui!
- Isso normalmente é uma pergunta. Não errou a entonação?
- Você gostaria que fosse uma pergunta?
- Só se eu quisesse responder.
- Não precisa, eu sei que você vem sempre aqui.
- Ah é? Está me seguindo?
- Ainda não.
- E acha que sabe que eu venho sempre aqui?!
- Sei pelo jeito como chegou e se sentou, sem nem olhar para o lado. Como pediu a bebida sem olhar o cardápio. Como acendeu o cigarro sem procurar por um cinzeiro.
- Quem sabe o que quer não precisa pensar nem olhar cardápios, independente de onde esteja.
- Por isso você nem olhou pro lado quando se sentou? Você já sabe o que quer?
- Não sei se não olhei.
- Já sabe o que quer?
- A gente sempre sabe. Mesmo achando que não.
- Você tem resposta pra tudo?
- Você tem pergunta pra tudo?
- Só para o que quero saber.
- Que incomum, normalmente as pessoas perguntam o que já sabem.
- Gosto desse seu humor sem riso.
- ...
- Também gostei do riso, não só desse de agora. O dos seus olhos, eles sorriem quando você fala.
- Talvez eles estejam achando você engraçado.
- Talvez isso seja um elogio?
- Talvez.
- Você não fuma muito né.
- Também percebeu pela maneira como eu acendi o cigarro?
- Não... É qe você fumou só a metade.
- Fumo pouco. Você observa muito.
- Pedro.
- Sara.
- Você vem sempre aqui?

2 comentários:

Mariana Paiva disse...

vc escreve sempre assim.
É eu sei pelo jeito como vc começou a primeira letra e o texto despencou.
Rápido.
É bem rápido.
Foi bom pra vc?
Pra mim foi ó-te-mo!


bjão
(já falei q vc é minha escritora preferida?)

Anônimo disse...

Eu venho sempre aqui. E adoro.