quinta-feira, junho 21, 2007

Ela chegou ao almoço faminta.
Sabia exatamente o que ia pedir, mas no fundo esperava encontrar uma surpresa no cardápio.
O garçom estava lá, esperando que ela fizesse logo seu pedido.
O sorriso dele era amigo, aliás, 10% amigo.
E ela olhava o cardápio sem pressa e sem olhar para o lado direito, o preço não importava naquele dia.
Pensou em pedir uma bebida forte.
Depois teve vontade de um suco com uma combinação de frutas que ela inventaria ali. Misturaria doce, azedo, amargo.
Logo teve preguiça e pensou em um refrigerante, talvez uma água.
Mas com ou sem gás?
Run run...
O garçom tossiu amistosamente, 10% amistosamente.
Ela fez que não ouviu e virou a página.
Doce ou salgado? Frio? Quente? Carne? Talvez uma massa...
Fechou o cardápio e olhou para o garçom.
Ele respirou aliviado, 10% aliviado, finalmente ela iria pedir.
Com o cardápio fechado e o olhar perdido, ela disse com a convicção que jamais havia experimentado: uma porção de borboletas, por favor.
O garçom, 10% eficiente, trouxe borboletas cruas.
Eram tão lindas que ela teve medo, mas, antes que voassem, as devorou de uma só vez.
As borboletas, ainda vivas, batiam as asas em seu estômago.
E ela nunca mais sentiu fome.

4 comentários:

Anônimo disse...

hummm... inspira sim... ô se inspira...

Mariana disse...

loucura, loucura, loucura.
surreal.

Anônimo disse...

huuummm... poesia no almoço. Muito bom.

Biu disse...

impressionante a fome que dá ler esse textinho, pelo jeito não sou só eu! rs!